sexta-feira, 31 de maio de 2013

Ditadura Militar reprime estudantes em Congresso da UNE em Ibiúna

Neste dia  12 de outubro  de 2013 fará 45 anos da dissolução do 30° Congresso da União Nacional dos Estudantes pela brutal repressão exercida pela ditadura militar brasileira, na cidade de Ibiúna.
tranquila cidade de Ibiúna, interior de São Paulo, com cerca de 10 mil habitantes, foi palco de um terrível episódio da história do País.
Os jornais no dia seguinte relatavam:
“Cerca de mil estudantes que participavam do XXX Congresso da UNE, iniciado clandestinamente num sítio, em Ibiúna, no Sul do Estado, foram presos ontem de manhã por soldados da Força Pública e policiais do DOPS. Estes chegaram sem serem pressentidos e não encontraram resistência. Toda a liderança do movimento universitário foi presa: José Dirceu, presidente da UEE, Luís Travassos, presidente da UNE, Vladimir Palmeira, presidente da União Metropolitana de Estudantes, e Antonio Guilherme Ribeiro Ribas, presidente da União Paulista de Estudantes Secundários, entre outros. Eles foram levados diretamente ao DOPS. Os demais estão recolhidos ao presídio Tiradentes.” (Publicado na Folha de S.Paulo, domingo, 13/10/1968)
Às 7h30, uma hora antes do início da abertura do congresso, a polícia iniciava a invasão ao sítio Murundu. Segundo relato do jornalista Antonio Mello, que também foi preso no presídio Tiradentes com os 720 estudantes, os policiais entraram gritando e apontando armas “- Todo mundo de mão na cabeça, coluna por um para passar naquela porteira e ser revistado. Atirem suas bagagens fora - fala um sargento. - Anda, seus baderneiros - grita outro soldado. - Rápido, seus moleques; não tem moleza. - Anda, anda, ou leva bala pra matar, seus cachorros. Os soldados falavam quase ao mesmo tempo, tentando amedrontar os estudantes. As armas sempre apontadas aos nossos corpos, algumas delas engatilhadas, causavam-nos um pouco de medo.” (Observatório das violências policiais)
Em 1968, o movimento estudantil se levantou contra o regime e diversos episódios marcaram o ano. No dia 28 de março, os estudantes estavam organizando uma passeata relâmpago para protestar contra o alto preço da comida servida no Calabouço no Rio de Janeiro. O estudante Edson Luiz de Lima Souto, não participava do protesto, estava apenas almoçando e foi morto aos 17 anos pela polícia, causando uma grande revolta na população. Seu enterro foi acompanhado por cerca de 50 mil pessoas.
O episódio marcou a resistência estudantil contra o regime militar.
No dia 26 de junho ocorre a Passeata dos cem mil em protesto contra a repressão e a censura.
A UNE estava na ilegalidade desde abril de 1964, mas chegou a realizar antes de Ibiúna, um congresso em Vinhedo e outro em Belo Horizonte.
A entidade foi desarticulada de maneira definitiva em 1968, depois da dissolução deste Congresso de Ibiúna.
As mobilizações contra o regime militar foram tomando proporções cada vez mais radicais, assim como a repressão foi se intensificando, até que, em 13 de dezembro, foi decretado o Ato Institucional n° 5 (AI-5), endurecendo o regime, como única maneira de impedir a total perda de controle.
O ano de 1968, revolucionário em todo o mundo, foi marcado pela mobilização estudantil e da luta contra a ditadura, de tipo fascista, apoiada pelos EUA no Brasil e nos outros países da América Latina.
Um fator importante para a concretização desta política e inclusive a repressão em Ibiúna, foi a falta de ação dos partidos comunistas stalinistas que trabalharam contra o levante popular e ficaram passivos diante do seu esmagamento pelas ditaduras.

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